5 de out. de 2008
16 de fev. de 2008
Em preto-e-branco
[texto em desenvolvimento e sem revisão]
A Galeria Olido, destinada à fotografia a partir deste ano, inaugura a programação de exposições de 2008 apresentando uma contextualização da fotografia de Fernando Lemos e sua vasta produção no território artístico e cultural – desenho, design gráfico, editor e gestor cultural, entre outras – . A exposição Preto e Branco Fernando Lemos é inédita pela abrangência e, aponta, no universo da câmara escura, a lucidez de uma produção instigante e múltipla.
Sintonizado com artistas que renovaram a arte em Portugal e com militantes do surrealismo, as fotografias que Lemos gerou neste período (1949-52) reafirmaram seu nome como um artista inquieto. Nestas obras Lemos subverte o formalismo estético almejado pelo regime de Salazar (um dos motivos de sua transferência voluntária para o Brasil, em 1953), ao desmontar a mítica da "reprodução da natureza" que envolveu a fotografia num momento de sua história.
A exposição desta série causou agitação nos dois lados do Atlântico. Engajado numa proposta estética comprometida com a causa política, por conseqüência, a exposição pública de suas obras em Portugal determinaram o componente subversivo do artista frente ao fascismo.
No Brasil, ao serem expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro em 1953 e 1954, conforme observa Fábio Magalhães na apresentação do livro DESENHUMOR, estas fotografias se mostram paradigmáticas para a reversão do status da categoria fotográfica, vista até então, no cenário cultural, mais como registro do que uma forma de arte.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo organizou a exposição À Sombra da Luz/Fernando Lemos, em 2004, ocasião em esta série fotográfica foi apresentada no seu conjunto. Incorporada a coleções institucionais e particulares, a série foi novamente exposta no Sintra Museu de Arte Moderna, em 2005, sendo contextualizada pelo prisma do movimento surrealista.
Após o intervalo de algumas décadas sendo expostas parcialmente e diluída entre desenhos e pinturas, a reunião do conjunto desta série permitiu a uma geração conectar uma imagem a outra e estabelecer novas leituras e aporte histórico.
Associado a estas ações culturais, o catálogo À Sombra da Luz/Fernando Lemos trouxe uma rica abordagem desta produção, como a análise do percurso de Lemos no Brasil e Portugal realizada por Ricardo Mendes e, ainda, pela contextualização de Paulo Herkenhoff. A respeito do distanciamento do Brasil diante das conquistas da fotografia na Europa e Estados Unidos no início do século XX, Herkenhoff observa que a fotografia não havia sido incluída como forma de expressão entre os modernistas brasileiros, prorrogando o entendimento mais amplo desta categoria até a década de 1950, quando emergem as produções de Fernando Lemos, Athos Bulcão, Jorge Lima e Geraldo de Barros, assim como, a reivindicação de um novo estatuto, assinada pelos críticos Walter Zanini, Sergio Milliet, Frederico de Moraes, Mario Pedrosa e Geraldo Ferraz nas publicações do Foto-Clube Bandeirantes.
Preto e Branco Fernando Lemos acrescenta novos parâmetros para o entendimento contemporâneo do artista na sua multiplicidade de atividades e inova ao apresentar o artista com outra proposição frente a fotografia. Traz, de forma inédita, séries fotográficas produzidas após sua chegada ao Brasil, ao longo de três décadas. Entre estas séries, a documentação da preparação da Mostra Histórica do IV Centenário de São Paulo, no então denominado Pavilhão de Exposições do Parque do Ibirapuera; a documentação da filmagem de Compasso de Espera, filme de Antunes Filho e a série Manhã de Domingo – um recorte da intimidade familiar do artista.
Em sua visita guiada à exposição, realizada em março de 2008, Fernando Lemos revela que não recaia sobre esta produção nenhuma preocupação estética e que, seu objetivo não era outro, senão, o mero registro. Esquecidos em uma caixa, estes negativos foram resgatados no tempo, amplificando o contexto de sua produção nesta exposição.
Recaem duas questões sobre a sua produção fotográfica no período brasileiro, que serão tratadas oportunamente. O olhar focado no ambiente metropolitano de São Paulo, pouco usual para o estrangeiro, quase sempre, seduzido pela exuberância da natureza tropical, e, um certo olhar para a fotografia descomprometido com o engajamento artístico e político, que aponta para a reformulação de seu projeto poético para a fotografia.
Sintonizado com artistas que renovaram a arte em Portugal e com militantes do surrealismo, as fotografias que Lemos gerou neste período (1949-52) reafirmaram seu nome como um artista inquieto. Nestas obras Lemos subverte o formalismo estético almejado pelo regime de Salazar (um dos motivos de sua transferência voluntária para o Brasil, em 1953), ao desmontar a mítica da "reprodução da natureza" que envolveu a fotografia num momento de sua história.
A exposição desta série causou agitação nos dois lados do Atlântico. Engajado numa proposta estética comprometida com a causa política, por conseqüência, a exposição pública de suas obras em Portugal determinaram o componente subversivo do artista frente ao fascismo.
No Brasil, ao serem expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro em 1953 e 1954, conforme observa Fábio Magalhães na apresentação do livro DESENHUMOR, estas fotografias se mostram paradigmáticas para a reversão do status da categoria fotográfica, vista até então, no cenário cultural, mais como registro do que uma forma de arte.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo organizou a exposição À Sombra da Luz/Fernando Lemos, em 2004, ocasião em esta série fotográfica foi apresentada no seu conjunto. Incorporada a coleções institucionais e particulares, a série foi novamente exposta no Sintra Museu de Arte Moderna, em 2005, sendo contextualizada pelo prisma do movimento surrealista.
Após o intervalo de algumas décadas sendo expostas parcialmente e diluída entre desenhos e pinturas, a reunião do conjunto desta série permitiu a uma geração conectar uma imagem a outra e estabelecer novas leituras e aporte histórico.
Associado a estas ações culturais, o catálogo À Sombra da Luz/Fernando Lemos trouxe uma rica abordagem desta produção, como a análise do percurso de Lemos no Brasil e Portugal realizada por Ricardo Mendes e, ainda, pela contextualização de Paulo Herkenhoff. A respeito do distanciamento do Brasil diante das conquistas da fotografia na Europa e Estados Unidos no início do século XX, Herkenhoff observa que a fotografia não havia sido incluída como forma de expressão entre os modernistas brasileiros, prorrogando o entendimento mais amplo desta categoria até a década de 1950, quando emergem as produções de Fernando Lemos, Athos Bulcão, Jorge Lima e Geraldo de Barros, assim como, a reivindicação de um novo estatuto, assinada pelos críticos Walter Zanini, Sergio Milliet, Frederico de Moraes, Mario Pedrosa e Geraldo Ferraz nas publicações do Foto-Clube Bandeirantes.
Preto e Branco Fernando Lemos acrescenta novos parâmetros para o entendimento contemporâneo do artista na sua multiplicidade de atividades e inova ao apresentar o artista com outra proposição frente a fotografia. Traz, de forma inédita, séries fotográficas produzidas após sua chegada ao Brasil, ao longo de três décadas. Entre estas séries, a documentação da preparação da Mostra Histórica do IV Centenário de São Paulo, no então denominado Pavilhão de Exposições do Parque do Ibirapuera; a documentação da filmagem de Compasso de Espera, filme de Antunes Filho e a série Manhã de Domingo – um recorte da intimidade familiar do artista.
Em sua visita guiada à exposição, realizada em março de 2008, Fernando Lemos revela que não recaia sobre esta produção nenhuma preocupação estética e que, seu objetivo não era outro, senão, o mero registro. Esquecidos em uma caixa, estes negativos foram resgatados no tempo, amplificando o contexto de sua produção nesta exposição.
Recaem duas questões sobre a sua produção fotográfica no período brasileiro, que serão tratadas oportunamente. O olhar focado no ambiente metropolitano de São Paulo, pouco usual para o estrangeiro, quase sempre, seduzido pela exuberância da natureza tropical, e, um certo olhar para a fotografia descomprometido com o engajamento artístico e político, que aponta para a reformulação de seu projeto poético para a fotografia.
Fotos:
1. Fernando Lemos / Auto-retrato
2. Fernando Lemos, Jaime Cortesão (curador da Mostra Histórica do IV Centenário de São Paulo e responsável pela transferência de Fernando Lemos para o Brasil) e Moga (encarregado da montagem da Mostra Histórica), 1954.
Exposição
Preto e Branco Fernando Lemos
Galeria Olido – Sobreloja e 1o Andar (até 13 de abril)
Av. São João, 473 (ao lado da Galeria do Rock)
Metrô São Bento
Tel 3331 8399
Horários e outras informações: http://www.centrocultural.sp.gov.br/
Fernando Lemos – Atrás da imagem
Filme de Guilherme Coelho
Apresentações diárias em DVD (13h e 17h)
Fernando Lemos – Atrás da imagem
Filme de Guilherme Coelho
Apresentações diárias em DVD (13h e 17h)
Color, digital, 55min
8 de fev. de 2008
22 de nov. de 2007
Anotações
Imagem em transformação
Fotografia de gaveta, alusão às fotografias amadoras que registram situações domésticas, como festas e viagens, dá nome à exposição que o artista Marcelo Amorim apresenta no Sesc-Pompéia.
São fotografias marcadas pelo limite extremo de aproximação com as artes gráficas e que põem em dúvida a sua origem tecnológica. Valorizando a ação e a transformação, as fotografias são apropriadas de desconhecidos e, com o auxílio de uma copiadora, são recortadas, ampliadas e posteriormente reconstituídas.
Os atos realizados implicam uma operação no território da subjetividade. Ao furtar as fotografias, o artista comete sua primeira transgressão. A ação deste gesto recai menos no conteúdo legal do ato, ingênuo aos padrões éticos e legais da privacidade no nosso século, do que na sua intencionalidade: a apropriação simbólica da história contida naquela imagem. Amorim ainda executará outras intervenções que transformarão essas imagens destituídas de sentido ao olhar alheio em imagens dotadas de sentido transitivo no campo artístico.
Sua segunda transgressão consiste no apagamento da sustentação fotográfica. Esse processo se inicia com o retalhamento da fotografia em fatias que conduzirão o olho do observador a realizar um zoom que desvia a atenção da integralidade para um campo macro da imagem. Em seguida, cada fatia é ampliada em copiadora, equipamento que além de promover a deformação cromática degenera a cópia e ressalta as imperfeições não detectáveis no formato original, resultando em uma imagem opaca, suja. São procedimentos intencionais de subtração das características fotográficas e de aproximação com as propriedades da arte gráfica. Ao utilizar recursos como copiagem e recorte Marcelo insere atividades do cotidiano na imagem – recursos de uso rotineiro nos escritórios – e reitera o sentido da apropriação, agora atuando na própria morfologia da imagem.
Na seqüência, o artista reconstitui as imagens. Tendo como modelo a composição inicial, as folhas são dispostas deixando aparente as junções entre elas e, em seguida, são fixadas no painel. A escolha pelo método de colagem indica a intenção de deixar aparente a fratura da imagem e, por conseqüência, o processo de fragmentação. Esse recurso de montagem sinaliza também a aproximação com as propostas de arte e propaganda do espaço público urbano, com o lambe-lambe e o outdoor.
Apesar da descaracterização da imagem fotográfica, as três operações de transfomação – furto, retalhamento e copiagem – são compreendidas como um gesto expansor que trata a fotografia nas suas fronteiras. Nesse caso, a imagem fotográfica se afasta das características industrialmente pré-definidas para a câmera, como a captação e seus valores iconográficos, para valorizar as possibilidades de processamento da imagem, as mutações pós-produção e a intervenção do artista. Amorim está reposicionando o universo pessoal da foto-recordação guardada na gaveta do móvel de um quarto de dormir em um símbolo transitivo no território da subjetividade da arte.
Fotografia de gaveta, alusão às fotografias amadoras que registram situações domésticas, como festas e viagens, dá nome à exposição que o artista Marcelo Amorim apresenta no Sesc-Pompéia.
São fotografias marcadas pelo limite extremo de aproximação com as artes gráficas e que põem em dúvida a sua origem tecnológica. Valorizando a ação e a transformação, as fotografias são apropriadas de desconhecidos e, com o auxílio de uma copiadora, são recortadas, ampliadas e posteriormente reconstituídas.
Os atos realizados implicam uma operação no território da subjetividade. Ao furtar as fotografias, o artista comete sua primeira transgressão. A ação deste gesto recai menos no conteúdo legal do ato, ingênuo aos padrões éticos e legais da privacidade no nosso século, do que na sua intencionalidade: a apropriação simbólica da história contida naquela imagem. Amorim ainda executará outras intervenções que transformarão essas imagens destituídas de sentido ao olhar alheio em imagens dotadas de sentido transitivo no campo artístico.
Sua segunda transgressão consiste no apagamento da sustentação fotográfica. Esse processo se inicia com o retalhamento da fotografia em fatias que conduzirão o olho do observador a realizar um zoom que desvia a atenção da integralidade para um campo macro da imagem. Em seguida, cada fatia é ampliada em copiadora, equipamento que além de promover a deformação cromática degenera a cópia e ressalta as imperfeições não detectáveis no formato original, resultando em uma imagem opaca, suja. São procedimentos intencionais de subtração das características fotográficas e de aproximação com as propriedades da arte gráfica. Ao utilizar recursos como copiagem e recorte Marcelo insere atividades do cotidiano na imagem – recursos de uso rotineiro nos escritórios – e reitera o sentido da apropriação, agora atuando na própria morfologia da imagem.
Na seqüência, o artista reconstitui as imagens. Tendo como modelo a composição inicial, as folhas são dispostas deixando aparente as junções entre elas e, em seguida, são fixadas no painel. A escolha pelo método de colagem indica a intenção de deixar aparente a fratura da imagem e, por conseqüência, o processo de fragmentação. Esse recurso de montagem sinaliza também a aproximação com as propostas de arte e propaganda do espaço público urbano, com o lambe-lambe e o outdoor.
Apesar da descaracterização da imagem fotográfica, as três operações de transfomação – furto, retalhamento e copiagem – são compreendidas como um gesto expansor que trata a fotografia nas suas fronteiras. Nesse caso, a imagem fotográfica se afasta das características industrialmente pré-definidas para a câmera, como a captação e seus valores iconográficos, para valorizar as possibilidades de processamento da imagem, as mutações pós-produção e a intervenção do artista. Amorim está reposicionando o universo pessoal da foto-recordação guardada na gaveta do móvel de um quarto de dormir em um símbolo transitivo no território da subjetividade da arte.
Outra festa
As imagens que Rochelle Costi apresenta no Centro Universitário Maria Antônia lembram a estrutura de séries já conhecidas da artista, que procura despertar em sua fotografia a percepção de elementos isolados, aspectos ocultos ao olhar eletrizado dos habitantes das metrópoles. As imagens mostram o cenário do fim de uma festa (foto acima), com cenas produzidas no interior de uma sala comercial e desocupada, do Edifício Sampaio Moreira, prédio histórico situado na Rua Líbero Badaró, em São Paulo. Dessas imagens decorre o título da instalação: Uma festa.
Costi propõe um deslocamento geográfico e temporal utilizando cinco projetores de slides que preenchem paredes da sala com imagens latentes da festa imaginária. Esse equipamento possui como característica a passagem mecânica dos slides armazenados no carrossel para o tubo de luz, momento em que a projeção é suspensa. É este intervalo de suspensão - frações de segundos repletas de magia e técnica – que expõe o jogo do deslocamento, possibilitando que a arquitetura do espaço reassuma sua fisicalidade entre uma e outra imagem ficcional. Reside no uso desse tempo mecânico o fator diferencial entre Uma festa e as fotomontagens.
O título da instalação ainda provoca no visitante a associação a situações subjetivas. O ambiente, tomado por uma incessante música dos anos 1960/70, pela cadência dos projetores e pelo deslocamento geográfico, remetem à fotografia analógica e à festividade das ruas circunvizinhas ao Sampaio Moreira, centro do comércio dessa fotografia.
Instalação
Uma festa
Centro Universitário da USP
Rua Maria Antônia, 294
Tel. 3255 7182
http://www.usp.br/mariantonia/
Costi propõe um deslocamento geográfico e temporal utilizando cinco projetores de slides que preenchem paredes da sala com imagens latentes da festa imaginária. Esse equipamento possui como característica a passagem mecânica dos slides armazenados no carrossel para o tubo de luz, momento em que a projeção é suspensa. É este intervalo de suspensão - frações de segundos repletas de magia e técnica – que expõe o jogo do deslocamento, possibilitando que a arquitetura do espaço reassuma sua fisicalidade entre uma e outra imagem ficcional. Reside no uso desse tempo mecânico o fator diferencial entre Uma festa e as fotomontagens.
O título da instalação ainda provoca no visitante a associação a situações subjetivas. O ambiente, tomado por uma incessante música dos anos 1960/70, pela cadência dos projetores e pelo deslocamento geográfico, remetem à fotografia analógica e à festividade das ruas circunvizinhas ao Sampaio Moreira, centro do comércio dessa fotografia.
Instalação
Uma festa
Centro Universitário da USP
Rua Maria Antônia, 294
Tel. 3255 7182
http://www.usp.br/mariantonia/
+ informações Rochelle Costi:
Rochelle Costi
Sem título
Texto de Rafael Vogt Maia Rosa/ Entrevista de Ivo Mesquita
Metalivros/Galeria Brito Cimino, 2005, 200 pp., R$70,00
Galeria
Brito Cimino
www.britocimino.com.br
Ocaso
A série Ocaso, realizada entre 2004/07 por Daniel Malva, discute os sistemas de captação de imagem e o sentido de sua produção.
Malva trabalhou como assistente do impressor Sílvio Pinhatti, mestre do fine-art no Brasil. A vivência desse período possibilitou o contato com a técnica necessária a produção fotográfica: os processos fotoquímicos de captação, a física óptica aplicada e as técnicas de revelação e ampliação. Posteriormente, quando se decidiu pela carreira, cursou a graduação na Faculdade Senac de Fotografia, apurando seus conhecimentos técnicos e linguagem.
Em Ocaso, Daniel retrata a imagem que conseguimos reter no momento em que a musculatura está ajustando nosso sistema ocular à perda da insolação - aquele momento seguido ao pôr-do-sol. Ocaso estabelece a proximidade entre a fisiologia do aparelho ocular ao dispositivo óptico das lentes (a mecânica da câmera), entre corpo e máquina.
As imagens dessa série (acima uma delas), aparentemente veladas, são produtos dessa equação entre corpo (ocular) e máquina. São imagens obtidas a partir do cálculo preciso do limite do equipamento e zona tonal de captação, filme e impressão.
Recentemente, Malva publicou na Internet uma amostra da nova série de retratos que está desenvolvendo. Utilizando o registro em cores, o artista continua investigando as questões propostas em Ocaso, extendendo, agora, seu foco para a paisagem humana.
Malva trabalhou como assistente do impressor Sílvio Pinhatti, mestre do fine-art no Brasil. A vivência desse período possibilitou o contato com a técnica necessária a produção fotográfica: os processos fotoquímicos de captação, a física óptica aplicada e as técnicas de revelação e ampliação. Posteriormente, quando se decidiu pela carreira, cursou a graduação na Faculdade Senac de Fotografia, apurando seus conhecimentos técnicos e linguagem.
Em Ocaso, Daniel retrata a imagem que conseguimos reter no momento em que a musculatura está ajustando nosso sistema ocular à perda da insolação - aquele momento seguido ao pôr-do-sol. Ocaso estabelece a proximidade entre a fisiologia do aparelho ocular ao dispositivo óptico das lentes (a mecânica da câmera), entre corpo e máquina.
As imagens dessa série (acima uma delas), aparentemente veladas, são produtos dessa equação entre corpo (ocular) e máquina. São imagens obtidas a partir do cálculo preciso do limite do equipamento e zona tonal de captação, filme e impressão.
Recentemente, Malva publicou na Internet uma amostra da nova série de retratos que está desenvolvendo. Utilizando o registro em cores, o artista continua investigando as questões propostas em Ocaso, extendendo, agora, seu foco para a paisagem humana.
brwww.flickr.com/malvafw
O registro fotográfico
Conhecer uma coleção de acervo é oportunidade rara. É geralmente acessível a pesquisadores ou é feita por meio de publicações e exposições. Até 9 de dezembro é possível vivenciar essa experiência visitando a exposição Benedito Junqueira Duarte, na Galeria Olido, no centro paulistano. A exposição reúne uma significativa parte da coleção de negativos, - pertencente à Divisão de Iconografia e Museus da Secretaria Municipal de Cultura - desse fotógrafo.
Simultaneamente a abertura da exposição, foi lançado o livro, B. J. Duarte: caçador de imagens, a mais completa publicação do artista já editada, apresentando aos leitores a documentação que ele realizou em São Paulo entre 1930 e 1950, período em que, a pedido de Mário de Andrade, iniciou a organização da Seção de Iconografia do Departamento de Cultura.
Exposição e livro revelam a potencialidade de uma modalidade de registro fotográfico talvez extinta: os “projetos de carreira”, documentações realizadas ao longo de décadas, de longa duração, quase impossível na atualidade dada a fragmentação e objetivos imediatos dos projetos autorais.
Visitante e leitor também poderão acompanhar o desenvolvimento dos grandes empreendimentos de política urbana, cultural e educacional que a cidade sofreu, o cotidiano da promissora metrópole, e se surpreender com cortiços e enchentes, já rotineiros nos anos 1930. Poderão, ainda, perceber a vitalidade das correntes estéticas - modernismo, exprecionismo e fotomontagens, por exemplo, da fotografia européia do início do século 20.
Numa perspectiva mais ampla de visita à exposição, além do passeio pelo centro antigo da cidade, quem for no horário do almoço poderá conhecer o Fuentes, tradicional restaurante espanhol, situado a três quadras da Galeria Olido.
Exposição
Benedito Junqueira Duarte
Galeria Olido – Sobreloja (até 9 de dezembro)
Av. São João, 473 (ao lado da Galeria do Rock)
Metrô São Bento
Tel 3331 8399
www.centrocultural.sp.gov.br
Livro
Rubens Fernandes Junior
B. J. Duarte: Caçador de imagens
http://www.cosacnaify.com.br/
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